1.11.11

Sobre a conversa que não tivemos.


Foi rápida, duas ou três indagações.
Sua cara assustada, perdida,
tentando com o gaguejar explicar,
sem saber assim o que falava.
Minha cara embaraçada,
com os olhos esperançosos, vidrados disfarçadamente.
Assim devido pela inicial cerveja.
Eu com os olhos fitando-te,
mas no fundo olhando pra cima.
Analisando a divisão entre o teto e a parede.
E num momento, me perdi, admito,
e fiquei observando uma mancha clara, que antevia um buraco.
Na parede! Mas podia ser em seu argumento,
pois não era falho, visto que não existia.
E ficou assim, enfim.
Disse que, pois, não era pra ser,
que não sabia direito.
Com cara plastificada,
e com a sobrancelha levantada,
um ar de me desculpe.
Uma cara de perdida.
Segue a vida. Vou pro canto.
Persiste a duvida, a falha. A engenharia.
E passo outras caminhadas trabalhando nisso,
outros pré-sonhos filosofando a questão.
Em tempo, esquecerei, mudarei de foco.
Teria sido melhor,
não ter tido essa conversa.
Pois ainda bem que não a tivemos.

ROMERO, Murillo